Pegando carona no sucesso gigantesco de Verão 90, a nova novela das sete, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm (de Totalmente Demais) chegou sem fazer muito barulho, mas conquistou o público já em sua primeira semana com sua narrativa repleta de delicadeza e ternura.

Bom Sucesso partiu da troca de exames entre Paloma (Grazi Massafera), uma mãe batalhadora do bairro carioca do Bonsucesso que se desdobra entre o trabalho de ajustes numa loja de grife e suas encomendas de costura para criar os três filhos: Alice, Gabriela e Peter, e o grosseiro dono de editora, Alberto (Antonio Fagundes). Crente que está num estágio avançado de leucemia, a mocinha entra num estado de choque e, perturbada, decide viver experiências novas, enquanto o editor cria esperanças de que terá uma vida mais longa.
Eis que, ao ser avisado da doença da amada, o jogador de basquete Ramon (David Jr.) retorna dos EUA dezesseis anos depois, decidido a ajudá-la na criação dos filhos após sua morte. Eis que tudo se resolveu em poucos capítulos, a heroína se envolveu com Marcos (Rômulo Estrela), filho de Alberto, numa das químicas mais acertadas dos últimos tempos, e a trama da novela realmente começou: Paloma ajudará Alberto a viver de verdade os últimos meses de sua vida.

Desde o início até seu fim a novela se propôs a ser um festival de boas citações à literatura, que permeou toda a trama, fez excelentes críticas ao estrelismo de celebridades, personificado ao extremo na divertidíssima Silvana de Ingrid Guimarães, sempre ótima, e, acima de tudo, sobre as transformações que o amor e a amizade promovem na vida de qualquer um que se abre para eles.
Os roteiros afinadíssimos de Rosane Svartman, Paulo Halm e equipe em momento algum deixaram a peteca cair e os personagens não podiam ter composições melhores. A direção artística de Luiz Henrique Rios conseguiu transmitir toda a melancolia, alegria e brilho necessários de cada cena.

Do elenco, excepcional, cinco nomes precisam ser ressaltados. A maestria com a qual Grazi compôs sua Paloma encantou todo o público. Antônio Fagundes mais uma vez deixa claro o porquê de ser um dos maiores nomes da nossa cultura, deixando a dura tarefa de irmos nos despedindo aos poucos de seu Alberto. A Nana de Fabíula Nascimento, que já foi inclusive premiada pelo papel, foi um claro exemplo de personagem à altura de intérprete.
Além dos citados acima, é preciso destacar o empenho com o qual Armando Babaioff defendeu Diogo. O vilão, cruel, caiu nas graças do público com seu deboche e humor ácido. Babaioff se provou um artista enorme, e já conquistou uma legião de fãs. Também Sheron Menezzes, com sua Gisele que cresceu mais e mais ao longo dos capítulos e fez com que o público criasse inúmeras teorias durante toda a semana final da trama sobre sua personagem.
Em tempo, o trabalho da estreante Natalia Altenbernd como a jovem Jeniffer, que brilhou em cada oportunidade que lhe foi dada, assim como a mirim Valentina Vieira, que arrancou lágrimas e mais lágrimas com o brilhantismo de sua Sofia.

Recheada de participações especiais, de Lavínia Vlasak a Angela Vieira, Rosane e Paulo dominaram muito bem a ação da novela, repleta de ciclos que não deixaram a trama esfriar, mesmo com uma ou outra derrapada, como a fase de Elias (Marcelo Faria), que ainda assim não prejudicou o produto final.
O capítulo final gerou uma comoção enorme com a morte do queridíssimo Alberto, em sequências que conseguiram dominar muito bem a atenção do público. Com desfechos já esperados, mas conduzidos com excelência, Bom Sucesso se sagrou como uma das mais belas e poéticas novelas da história da televisão brasileira, vitoriosa de público e crítica, ao tratar de temas como amor e morte com um otimismo ímpar, e que certamente vai deixar muitas saudades. Avante!