Psicodélica e agressiva, American Gods chegou pra ficar!
Você já ouviu falar em Peak TV? O termo faz referência a Era de Ouro da TV, a qual, definitivamente, estamos vivendo! Isso abre precedentes pra que os diretores e roteiristas ousem cada vez mais em suas produções, e quer maior ousadia que adaptar uma obra de Neil Gaiman? American Gods é uma de suas obras mais conhecidas e ganhou, com justiça, uma adaptação para a TV.
A série acompanha Shadow Moon – Ricky Whittle -, que acaba de sair da prisão e se vê em meio a uma briga de gente grande: os deuses antigos contra os deuses contemporâneos. O primeiro grande acerto do show é a fidelidade à obra original, e isso se dá porque Neil Gaiman é um dos roteiristas e tem acompanhado de perto toda a produção. American Gods também contou com o bom trabalho do diretor Adam Kane, que já havia trabalhado em algumas séries como Heroes, Demolidor e 24 Horas.
Já nos primeiros episódios percebemos a maestria do ator Ian McShane ao conduzir brilhantemente a trama com o seu personagem, Mr. Wednesday, um dos deuses antigos. O ator chama pra si a responsabilidade e corresponde a toda e qualquer expectativa criada a partir do seu potencial. Tal maestria estende-se aos talentosos Yetide Badaki e Bruce Langley, respectivamente a Bilquis e o Technical Boy, que demostram uma gana imensurável na interpretação de seus personagens. O ponto baixo – se é que há um ponto baixo, de fato – fica para o ator Ricky Whittle, que pareceu muito tímido ao interpretar o protagonista Shadow Moon.
O clima em American Gods é pesado, corroborado por uma fotografia acinzentada. Aqui, a linguagem é explícita e bem direta, mas não deixa de lado o abstracionismo dos diálogos de Neil Gaiman. Os personagens são literais, uma escolha estilística voltada para o fantástico. Podemos observar homens sendo engolidos por vaginas e bonecos tecnológicos distribuindo surras por aí…
American Gods brinca com as paixões humanas, caminhando com facilidade entre o real e o sobrenatural, o que é e o que não é. Ela não subestima o seu público mas também não o superestima, formando a intersecção perfeita entre o simples e o complexo.
No mais, Deuses Americanos expõe sem medo as obscuridades do homem e nos convida ao pensamento, formando, assim, um prato cheio pro espectador que gosta de uma linguagem ousada e inteligente.
9 / 10